quarta-feira, 29 de junho de 2011

Meninas são forçadas a trocar de sexo


O governo do Estado indiano de Madhya Pradesh está investigando denúncias de que mais de 300 meninas foram cirurgicamente transformadas em meninos em uma cidade de Indore. Os pais teriam pagado o equivalente a R$ 5 mil para que fosse realizada essa operação plástica.
Mulheres e ativistas dos direitos da criança denunciaram a prática como algo que “escarnece das mulheres na Índia”. O desejo dos pais em transformar suas filhas em filhos é a esperança de melhorar as perspectivas da família pelo casamento.
Ranjana Kumari, do Centro de Pesquisas Sociais e uma das líderes ativistas contra o feticídio feminino, disse que a transformação cirúrgica de meninas em meninos é um sinal de crescimento da ”loucura social” na Índia.
“As pessoas não querem compartilhar suas propriedades ou investir em dotes para as filhas nem pagar para que ela estude. É uma classe média ávida por ter cada vez mais dinheiro.”
Há décadas a Índia já pratica o feticídio feminino – abortos seletivo de sexo – por famílias que temem os custos do casamento e os dotes que precisam pagar. Estima-se que existam no país sete milhões a mais de meninos que meninas com idade inferior a seis anos. Agora os ativistas dizem que a opção pela cirurgia significava que as meninas não estão mais seguras, mesmo depois do nascimento.
O doutor VP Goswami, presidente da Academia Indiana de Pediatria, em Indore, considera o procedimento absurdo.
“A genitoplastia é possível em um bebê normal, que nasce com ambos os sexos. Porém, mais tarde esses órgãos não vão crescer com a influência hormonal e isso resultará em infertilidade, bem como impotência. É uma notícia chocante e vamos tomar as medidas corretivas “, disse ele.
“Os pais precisam considerar o impacto social, além do trauma psicológico de esses procedimentos podem gerar na criança.”
Para resolver esse problema, o governo precisa salientando o valor espiritual que uma mulher traz a uma casa na cultura hindu.
“Na Índia, dizemos que deus reside na casa onde há uma mulher, mas que saiu dali por causa de tanta cobiça. Precisamos enfatizar a riqueza espiritual que uma menina traz a uma família e também apoiar as famílias mais carentes com subsídio financeiro e empregos”, acrescentou Ranjana Kumari.

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